miércoles, 26 de septiembre de 2018

A Orquestra Filarmónica de Osaka

A Orquestra Filarmónica de Osaka,                            
em Bratislava interpreta                            
a Sétima Sinfonía.
Ásia digere Europa. O pragmatismo
asume o romantismo. O eslavismo
                           
acolhe o germanismo. O sinecismo                            
sob o teu signo reina.
Ti, sobre o branco touro, bela
dos grandes olhos, navegaste
                           
nom só o Mar Nosso, até Creta; tamém                            
os Sete Mares, conquistadora
do antigo e o novo mundo, com exércitos,
com inventos, e máquinas, e ideias,
                           
espargendo a tua força, a tua graça,
a tua moda, a tua ciencia, a tua
técnica. E ainda que conservem
                           
alguns povos vestigios de seu, matam                            
coas tuas armas, amam
cos teus beijos, falam coas tuas palabras,
                           
mais cada vez, cada vez mais, Europa.                            
O maestro de oblíquos olhos                            
dirige a tua música
vestido co teu fraque, e estreita
coa tua mao a mao
do primeiro violino.
Só podem superar-te
os que te reconhecem
como mai ou madrasta, os criados
aos teus peitos, os assovalhados
polos teus pés, emancipados ou
                           
manumitidos. Para ser senhores
de si mesmos, tenhem que ter sido
filos ou servos teus, e ao rebelar-se
                           
contra ti, corroboram-te e proferem
na língua tua a fórmula
da sua independencia.
E podem renegar
de ti, porque lhes deste
a consciencia de serem eles próprios;
porque ti os concebeste ou os calcaste
co teu selo de fogo,
                           
como no curro
dos montes da Barbança os bravos poldros
de esgrêvias crinas, tardos de domar.
                           
Espalhada por cinco continentes,
vás como umha maré todo alagando.
Pagas o teu tributo aos que dominas.
Tem mais petróleo América; Japom,
mais cortesias e calculadoras.
                           
Mas o mundo vai-se facendo Europa
enquanto Europa vai fazendo o mundo.
                           
E o branco touro que me namorara,
polo espaço nadando chega à lua,
para desembarcar-te
en amorosas praias siderais,
onde génios, ou anjos,
                           
ou deuses, a benvida che darám,
oh Europa dos redondos brancos peitos,
                           
interpretando para ti os acordes
do final da Novena Sinfonia.
                           

Ricardo Carballo Calero: Reticências (1986-1989) (1990)

Versións:
A Foice: A Orquestra Filarmónica de Osaka; Musicando Carvalho Calero (VVAA); 2010



Os amigos dos músicos: A Orquestra Filarmónica de Osaka*; Musicando Carvalho Calero (VVAA); 2010;



Tábula Rasa e Malvares de Moscoso: A Orquestra Filarmónica de Osaka; Concerto Sala DiscoTasca, Redondela (Pontevedra); 2012;



A Foice e Malvares de Moscoso: A Orquestra Filarmónica de Osaka; Língua Nativa (VVAA); 2014; Pista 8



Lluvia ácida: A Orquesta Filarmónica de Osaka; A Foice e Malvares de Moscoso: A Orquesta Filarmónica de Osaka (Remixes) (VVAA); 2015; Pista 2



J.CNNR: A Orquesta Filarmónica de Osaka; A Foice e Malvares de Moscoso: A Orquesta Filarmónica de Osaka (Remixes) (VVAA); 2015; Pista 3



Tábula Rasa: A Orquestra Filarmónica de Osaka; Bandcamp; 2017



*[A versión musical do grupo Os amigos dos músicos é moi libre: usa uns poucos versos (incompletos na maior parte) e palabras soltas doutros.]

martes, 25 de septiembre de 2018

Pídeme que esté alegre

Aún me entra cielo azul,
y lo miro en mis charcos
reflejado a jirones.

Pídeme que esté alegre.
Si tú me lo pidieras,
en un caballo blanco subiría,
en un caballo bravo y montaraz.

Pídeme que esté alegre
y correré a ponerme
atavíos de fiesta,
abriré las cien puertas de mi casa
y saldré entre piruetas
y saltos de través
aturdida de sol,
y a las verdes palomas
daré migas de pan.

Pídeme que esté alegre.
En un caballo blanco correría,
en un caballo loco y montaraz,
si tú me lo pidieras.

Carmen Martín Gaite: A Rachas (1976)

Versións:
Carmen Martín Gaite: Pídeme que esté alegre; Poemas; 2000; Pista 2